No coração do agro brasileiro, o seguro rural é a armadura que protege o produtor das intempéries da natureza. Contudo, hoje esse escudo corre risco de ruir diante do corte orçamentário que ameaça o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). O Observatório do Seguro Rural da FGV Agro lançou um alerta, solicitando ao governo federal a liberação imediata de R$ 445 milhões para recompor o orçamento do programa. Esse valor, que representa quase metade dos recursos previstos para 2025, é vital para evitar um colapso na cobertura de seguros no setor rural.
A importância do seguro rural no Brasil vai além de uma simples política pública. Ele é a garantia de que o produtor terá respaldo financeiro para enfrentar as adversidades climáticas que frequentemente assolam o país, como secas prolongadas, tempestades de granizo e enchentes. O PSR, ao subsidiar parte do custo do seguro, torna possível que pequenos e grandes agricultores protejam suas lavouras e mantenham a produção em pé, mesmo quando o clima se volta contra eles.
Nos últimos anos, a redução no orçamento disponível para o seguro rural tem sido preocupante. A proximidade da safra de verão, momento crucial para o campo, faz com que essa diminuição seja ainda mais alarmante. A FGV Agro aponta que, desde 2021, a área segurada no Brasil quase foi cortada pela metade, passando de cerca de 14 milhões de hectares para pouco mais de 7 milhões. Esse retrocesso coloca em risco a segurança financeira de milhares de produtores que dependem da cobertura para garantir suas colheitas.
A demanda por seguro rural cresce a cada temporada, reflexo dos efeitos imprevisíveis do clima e da necessidade crescente de resguardar investimentos no agronegócio. A FGV Agro reforça que seriam necessários, no mínimo, R$ 2,1 bilhões anuais para retomar os níveis de cobertura anteriores e assegurar um ambiente estável para o produtor rural. A quantia solicitada, de R$ 445 milhões, é vista como um passo emergencial para evitar a paralisação desse importante mecanismo de proteção.
Os riscos de não recompor o orçamento do PSR são enormes. Sem a subvenção governamental, os custos do seguro tornam-se proibitivos para muitos agricultores, especialmente os de menor porte. Isso pode levar à queda ainda maior da área segurada, tornando o setor mais vulnerável e menos resiliente frente às adversidades naturais que marcam o cenário agrícola nacional. O resultado é uma cadeia produtiva fragilizada, com impacto direto na economia do país.
Além do impacto direto sobre os produtores, a falta de recursos para o seguro rural ameaça a estabilidade econômica das regiões que dependem do agronegócio. A produção de alimentos e matérias-primas, essencial para o Brasil e para o mundo, fica à mercê das condições climáticas sem o amparo necessário para enfrentar perdas. O colapso no seguro rural, portanto, não atinge apenas o campo, mas reverbera em toda a estrutura social e econômica que o apoia.
A FGV Agro, ao solicitar a liberação dos R$ 445 milhões, chama a atenção para a necessidade urgente de uma política pública robusta e sustentável. O apoio financeiro não pode ser visto como um gasto, mas como um investimento na segurança alimentar, na geração de empregos e no fortalecimento do Brasil como potência agrícola. A recomposição do orçamento do seguro rural é um passo decisivo para garantir que o campo continue produzindo e alimentando o país e o mundo.
Por fim, o futuro do seguro rural brasileiro depende da união entre governo, setor privado e produtores rurais. A recomposição dos recursos é a medida mais imediata e necessária, mas é preciso pensar a longo prazo, em mecanismos que assegurem a sustentabilidade e a ampliação da cobertura de seguros. Somente assim o Brasil poderá resistir às intempéries naturais e continuar firme na liderança do agronegócio mundial, com produtores protegidos e um campo vibrante e produtivo.
Autor: Katrina Ludge