O Brasil, reconhecido como o maior exportador de carne de frango do mundo, enfrenta atualmente um dos seus maiores desafios no setor agropecuário após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no estado do Rio Grande do Sul. O impacto imediato dessa ocorrência foi o embargo imposto por diversos países à carne de frango do Brasil, afetando diretamente a cadeia de exportação que abastece mais de 160 países ao redor do planeta. A medida, ainda que esperada em casos de surtos sanitários, levanta preocupações sobre a recuperação da confiança internacional no produto brasileiro.
Com a lista atualizada pelo Ministério da Agricultura, já são 32 os países que deixaram de importar carne de frango do Brasil, incluindo a China, principal compradora da proteína brasileira, além de todos os integrantes da União Europeia. Esses embargos à carne de frango do Brasil variam em extensão. Alguns países suspenderam completamente a compra da produção nacional, enquanto outros restringiram as importações apenas ao estado do Rio Grande do Sul ou até mesmo à cidade de Montenegro, onde o foco da gripe aviária foi registrado. Essa diferenciação tem um papel importante na contenção dos impactos econômicos.
Apesar do alarde internacional, autoridades sanitárias brasileiras afirmam que não há risco para o consumo de carne de frango do Brasil, mesmo nos locais onde a contaminação foi registrada. A gripe aviária não é transmitida por meio da ingestão de carne ou ovos devidamente processados, mas sim por contato com aves infectadas. Ainda assim, os embargos à carne de frango do Brasil têm como objetivo evitar que a doença chegue a granjas de outros países, prejudicando suas próprias cadeias produtivas.
O Ministério da Agricultura reforçou o compromisso do Brasil com a biossegurança e destacou as medidas emergenciais adotadas para impedir a disseminação da gripe aviária. Barreiras sanitárias foram intensificadas, o monitoramento de aves foi ampliado e todas as granjas comerciais do entorno da área afetada passaram por rigorosa fiscalização. A carne de frango do Brasil segue segura para consumo interno, e o país se articula para restabelecer o fluxo comercial com seus parceiros internacionais.
Entre os países que impuseram restrições totais à carne de frango do Brasil estão potências como China, África do Sul, México, Canadá, Coreia do Sul, além de vizinhos sul-americanos como Argentina, Uruguai, Bolívia e Peru. Já países como Reino Unido, Ucrânia, Cuba e Bósnia restringiram apenas a compra do produto oriundo do estado do Rio Grande do Sul. Há ainda casos como Japão e Arábia Saudita, que restringiram exclusivamente a produção de Montenegro, cidade onde não há exportadores ativos de carne de frango do Brasil.
Essas sanções temporárias à carne de frango do Brasil afetam não apenas o setor agroindustrial, mas também toda a economia nacional. A avicultura representa uma das principais fontes de divisas do país e emprega milhões de brasileiros direta e indiretamente. Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil exportou mais de 5 milhões de toneladas da proteína em 2024, gerando uma receita superior a 10 bilhões de dólares.
O governo federal, em parceria com entidades privadas e diplomacia internacional, está trabalhando para reverter os embargos à carne de frango do Brasil. A estratégia passa por comprovar a eficiência das ações sanitárias, reforçar a rastreabilidade dos produtos e garantir que a produção em outras regiões do país segue dentro dos padrões exigidos pelos mercados compradores. A retomada da confiança dependerá da rapidez com que o Brasil conseguirá erradicar o foco da gripe aviária e mostrar que o episódio foi um caso isolado e bem controlado.
Com base em crises anteriores, especialistas apontam que o Brasil tem boas chances de recuperar os mercados em curto e médio prazo, desde que continue agindo com transparência e eficiência. A carne de frango do Brasil, além de ser competitiva em preço, é amplamente reconhecida por sua qualidade e segurança alimentar. O cenário atual impõe desafios, mas também oportunidades para fortalecer os protocolos sanitários e demonstrar ao mundo a robustez do sistema agroindustrial brasileiro.
Autor: Katrina Ludge