A preservação das raças de bois em extinção representa um dos maiores desafios para a sustentabilidade da pecuária no Brasil. A diversidade genética desses animais é essencial para garantir a resistência dos rebanhos a mudanças climáticas, doenças e pragas, além de assegurar a continuidade da produção em diferentes regiões do país. No entanto, a preferência por raças comerciais de alta produtividade tem colocado em risco várias raças nativas e adaptadas, que carregam características únicas para o agronegócio nacional.
O tema raças de bois em extinção ganha cada vez mais atenção entre pesquisadores e produtores rurais preocupados com a conservação genética. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, cerca de 26% das raças bovinas locais estão ameaçadas de desaparecer, o que pode comprometer a segurança alimentar e a sustentabilidade econômica da pecuária brasileira. A perda dessas raças reduz a diversidade genética fundamental para a adaptação dos rebanhos às condições ambientais adversas.
Entre as raças de bois em extinção, destacam-se algumas com características valiosas para a produção e a adaptação a climas desafiadores. A raça Sindi, originária do Paquistão, é um exemplo notório de rusticidade e resistência ao calor, sendo capaz de produzir carne e leite mesmo em ambientes áridos. Essa raça, por sua baixa exigência nutricional, é ideal para regiões com recursos limitados, o que reforça a importância da preservação das raças de bois em extinção para manter alternativas produtivas no semiárido brasileiro.
Outra raça que merece destaque entre as raças de bois em extinção é o Crioulo Lageano. Originária dos campos de Santa Catarina e Paraná, essa raça é reconhecida pela resistência tanto a baixas quanto a altas temperaturas, além de apresentar grande porte e aptidão dupla para carne e leite. Seus chifres característicos não apenas contribuem para a defesa contra predadores, mas também simbolizam um patrimônio genético importante que as raças de bois em extinção carregam para o Brasil.
Além do Sindi e do Crioulo Lageano, outras raças de bois em extinção como o Mocho Nacional, o Curraleiro pé-duro e o Pantaneiro compõem um rico conjunto de animais com adaptações específicas. Cada uma dessas raças possui qualidades que podem ser decisivas para o futuro da pecuária, especialmente diante dos desafios ambientais e econômicos que o setor enfrenta. A preservação das raças de bois em extinção é, portanto, uma estratégia vital para diversificar e fortalecer a produção bovina no país.
Para enfrentar o risco das raças de bois em extinção, instituições como a Embrapa desenvolvem pesquisas genômicas para identificar e conservar a variabilidade genética desses animais. A criopreservação de sêmen e embriões em bancos de germoplasma funciona como uma garantia para a manutenção das características únicas das raças de bois em extinção, possibilitando sua reintrodução em caso de necessidade futura. Essas ações são fundamentais para proteger o patrimônio genético e apoiar a sustentabilidade da pecuária.
Outro aspecto crucial na preservação das raças de bois em extinção é a manutenção de rebanhos puros em unidades especializadas, onde os animais podem ser estudados e selecionados em condições reais de produção. A colaboração entre a Embrapa e associações de criadores é essencial para evitar a endogamia e ampliar a variabilidade genética, assegurando que as raças de bois em extinção mantenham sua capacidade de adaptação e resistência.
Em suma, a conservação das raças de bois em extinção é um compromisso com o futuro da pecuária brasileira e a sustentabilidade do agronegócio. A valorização e proteção dessas raças representam investimentos em diversidade genética, resiliência produtiva e equilíbrio ambiental. Garantir a sobrevivência das raças de bois em extinção significa preservar a riqueza genética que sustenta a produção rural e a segurança alimentar do país para as próximas gerações.
Autor: Katrina Ludge